Leucemias na Infância

Maria Lydia Mello de Andréa

As leucemias na infância são responsáveis por praticamente 50% das neoplasias entre zero e 18 anos. A medula óssea é o local onde são produzidas as células do sangue. A leucemia é uma doença da medula óssea. Por motivos ainda não totalmente esclarecidos, uma criança para de produzir as células normais do sangue, passando a produzir apenas células jovens, denominados blastos leucêmicos. Os blastos passam a substituir as células normais do sangue – glóbulos brancos ou leucócitos, glóbulos vermelhos e plaquetas - gerando os distúrbios próprios da falta destes elementos o que caracteriza a leucemia: anemia, infecções e sangramentos.
Existem diferentes tipos de leucemias que variam conforme a célula de origem. As leucemias agudas são em número as principais leucemias na infância. São responsáveis por 95% das mesmas sendo as leucemias crônicas extremamente raras na faixa etária pediátrica. Dentre as leucemias agudas a mais frequente é a Leucemia linfóide responsável por aproximadamente 90% das leucemias agudas, sendo as mielóides responsáveis por apenas 10%. O diagnóstico da leucemia é feito através da punção da medula óssea com material enviado para o mielograma – análise morfológica das células, Imunofenotipagem capaz de classificar os blastos leucêmicos através da determinação dos diferentes anticorpos monoclonais que caracterizam as células e ainda envio de material para cariótipo e biologia molecular que nos mostram as possíveis alterações no cromossoma da célula podendo nos dar informações prognosticas e até orientações terapêuticas. Não se concebe na atualidade o tratamento de uma leucemia sem este conjunto de dados que nos orientam quanto à escolha dos medicamentos e quanto ao prognóstico. A principal forma de tratamento é a quimioterapia. O tratamento na maioria das vezes é de dois anos e compreende diferentes fases como Indução da remissão nos primeiros 30 dias, Consolidação, Profilaxia do Sistema Nervoso Central, Re-indução e Manutenção. Com diagnóstico preciso e tratamento adaptado ao tipo de leucemia e seu grupo de risco as leucemias linfóides agudas atingem hoje altos índices de cura que variam entre 70 a 90%. Em relação às leucemias mielóides os resultados são menos promissores e atingem hoje em centro especializados aproximadamente 50 a 60% de cura.